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FÉRIAS: TEMPO DE PENSAR EM CRIATIVIDADE?

Amigos ex-alunos, vamos gozar as férias, pois precisamos recarregar a bateria. E por que não ter “férias criativas”? Elas ficarão mais divertidas – eu juro.

Mas vou aproveitar a disponibilidade de tempo maior, para dar a vocês notícias da próxima edição (a oitava) do meu livro “Criatividade abrindo o lado inovador da mente”. A edição virá em março, com novidades, incluindo um inédito vigésimo capítulo, com o título de “17 anos de pesquisa em criatividade”.

Aqui  vai uma amostra desse capítulo, que começa dizendo que quanto mais aprendemos, mais vemos que pouco sabemos: “...trago uma metáfora que parte da visão de um círculo de luz cercado de escuridão; a luz representa o saber, e a escuridão o não-saber, ou seja, a ignorância. Então, diz a metáfora, repare que quanto mais ampliamos nosso saber, aumentando o círculo, mais contato temos com a escuridão que representa o que não sabemos. Vemos então o que parece um contra-senso: ao saber mais, percebemos melhor como é grande nossa ignorância”.

Após a ressalva desse trecho, para compensar o título do capítulo, que poderia ser interpretado como “em 17 anos, aprendi tudo”, defendo uma opinião nova sobre a definição de criatividade, relatando que: “o conceito de criatividade sempre intimida a pessoa, em um nível que varia de acordo com sua segurança ou  timidez. Pois bem, digo hoje, após 17 anos de aulas, que a adoção de uma definição parece mudar isso, pois funciona como elemento desmistificador do tema. Ao adotar uma definição, a pessoa parece dizer a si própria que já tem uma idéia clara sobre o tema, e aí seu desconforto diminui ou até mesmo desaparece”.

Em seguida o capítulo aborda a influência do contexto, que em sua mudança permanente vem ficando cada vez mais complexo. “Focalizamos o mundo agora, com a era da comunicação tornando a mudança assustadoramente veloz para quem tem mais de vinte anos e não nasceu dentro do turbilhão atual que Zigmunt Bauman, um sábio, denominou “realidade líquida”. Daí, noto uma diferença marcante entre o tipo dos meus alunos da época em que escrevi o livro e os de hoje. Noto uma certa perda de consciência do contexto. O que me leva a sugerir que todo o progresso da ciência e tecnologia, nos trazendo mais recursos, talvez não compense as desvantagens que o mundo mais complexo, massificado e apressado, nos impõe. Faço, entretanto,outra ressalva, a que essa posição é sincera porém, muito pessoal, meio pessimista e bem provisória...”

Na seqüência, vem algo sobre o que chamo de “sexo do cérebro”: “Os recursos de escaneamento não invasivo do cérebro, disponíveis dos anos noventa para cá, permitiram verificar que a nossa sexualidade não é definida de forma absoluta. Assim, diz a atual ciência dos neurônios, o gênero masculino compreende normalmente homens com alguma feminilidade, tanto do ponto de vista biológico como do cultural. Isso também acontece com o gênero feminino: algumas mulheres têm traços de masculinidade biológica e cultural. Pois bem, a consciência disso pode facilitar o melhor aproveitamento de nosso potencial criativo (...) que dependerá, entre outros fatores e circunstâncias (aqui vamos simplificar para facilitar a defesa), de uma dose de assertividade (masculina) e outra de sensibilidade(feminina). Então, conclui-se, a ausência total de assertividade dificultaria uma frágil donzela a colocar-se criativamente, e a ausência total de sensibilidade dificultaria um macho alfa a praticar um  raciocínio mais flexível e inovador.

Terminando o capítulo, abordo o contexto atual: “a criatividade tornou-se refém da organização, mais um efeito da complexidade. Ficou mais fácil ter uma idéia nova do que a implementar, neste mundo complexo. Não é por acaso que a logística é dos ramos da engenharia que mais se desenvolveram ultimamente. Ela também usa soluções criativas, sim, mas seu papel básico é extremamente lógico. Então, por tudo isso, a criatividade, penso, será muitas vezes não prioritária, nos processos científicos e tecnológicos do futuro.”

Amigos, boas festas, boas férias para todos, e até o começo das aulas de 2013. JP

         
jose@predebon.com.br