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O
MERCADO DIZ: SURPREENDA-ME!
Jose Predebon
Um
fotógrafo
recém admitido pergunta a seu
chefe, editor de um grande jornal americano, qual seria seu trabalho.
Só recebe
uma palavra como resposta: surpreenda-me. Essa talvez seja a
tônica dos tempos
atuais, onde a inovação tomou o poder. Nada mais
é
duradouro, e todos, da criança
pela primeira vez em contato com um computador, até o super
informado cidadão
pleno, todos têm a mesma expectativa: receber novidades. Na
hora
em que isso se
torna geral, prevalece o profético conceito de Joseph
Schumpeter, da
“destruição criativa”, onde
todos os produtos
e processos tomam o lugar dos
antigos. Nada mais é definitivo e, mais que isso, muda
tão rápido que nada mais
é confiável nem serve de referência
para fazer
projeções. Estamos, como diz Zygmunt
Bauman, num mundo líquido, onde a instabilidade deveria ser
considerada como a
estabilidade, já que é permanente. Talvez isso
tenha
inspirado recente
pronunciamento de Kevin Roberts, CEO da inglesa Saatchi &
Saatchi,
badalada
empresa de marketing. Disse KR que a estratégia, a
administração e o marketing
são coisas mortas, como nós as conhecemos (link
do texto
no pé desta página).
Comento aqui esse assunto para alguns ex alunos meus, interessados em
mudanças,
como são o Marcelo Públio, o Paulo Matoso e o
Zenilson
Neves, e a própria Martha
Gabriel, atual parceira, que me trouxe o texto do KR ao
colocá-lo em seu
Twitter. Pois o que eu tenho a sugerir é que o mercado
inteiro
adquiriu uma
“não conformação”
que, é
curioso lembrar, fica de acordo com o pensamento do
grego Heráclito, que o mundo era eterna mudança.
No campo
do marketing, o mundo
é hoje eterna inovação, eterna
surpresa, e isso
deve ser o mote de quem deseja
participar do chamado “mercado”. Como sou
fã de
parábolas e simbolismos, vou
concluir esta reflexão descrevendo como eu tenho dramatizado
essa questão em
aulas, com a metáfora do baralho. Ei-la: um baralho arrumado
em
ordem, de
números e naipes, pode representar o nosso contexto de
até um tempo atrás, que
se apresentava mais ou menos linearmente, dentro do
que
se dizia “causa e efeito”. Não era
impossível
planejar o que se devia fazer,
analisando-se o que havia acontecido, como quem examina a ordem de um
maço de
cartas do
baralho
cortado em dois
montes, este representando o passado. Bastava ver suas cartas (em
ordem) para
conseguir prever o que existia no outro monte, também em
ordem,
representando o
futuro. Era assim, examinava-se o passado e planejava-se o futuro.
Hoje, não. A
complexidade do
mundo fez com o contexto o que
fazemos ao
embaralhar as cartas daquele
baralho,
acabando com sua ordem. E como rapidamente outras novas
variáveis surgem, se
cruzam, se afetam, tudo compõe um conjunto absolutamente
imprevisível. O único
recurso inteligente para enfrentar essa situação
é
desenvolvermos nossa capacidade
de improvisar, o que se faz com a criatividade, irmã da
inovação. Porque só
assim poderemos criar verdadeiros novos planos, para enfrentar qualquer
situação nunca vista antes. Vale lembrar que 90% do
treinamento da Nasa, preparando o homem para pisar o desconhecido solo
da lua,
foi para desenvolver nele a capacidade de improvisar. Falo aqui no
sentido
positivo do improviso, não do improviso-remendo. Falo da
capacidade de
surpreender – nosso mote de hoje. Quem quiser pensar mais no
assunto, é ler o
texto de Kevin Roberts. Aguardo comentários, OK?
JP.
http://thegrowthhacker.yow.com.br/marketing-digital/marketing-morreu/
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