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ALGO
DE NOVO DENTRO DA INOVAÇÃO.
J.
Predebon.
Está
em
nossos ouvidos uma palavra ultimamente repetida
demais: inovação. A toda hora vemos
comentários
sobre a importância da inovação
e suas óbvias tangências com o dia a dia. O
conceito
passou a reinar, mesmo com
resistências de pessoas que vão das bem
conservadoras
às mal informadas. Alguns
meus amigos professores, levados a mudar constantemente suas aulas para
incluir
novidades, confidenciam que já reagem negativamente
à
inovação.
Entretanto,
apesar
de tudo, hoje preciso colocar mais
uma batata para assar nessa fogueira. Tenho uma novidade sobre o tema,
e a
chamo de “inovação
atitudinal”. Devo ter
chegado ao que considero ser um atalho
novo pela condição de quase leigo no campo de
Clayton
Christensen. Minha pouca
profundidade, já concluiu Eunice de Alencar, que prefaciou
meu
livro de
criatividade, permitiu que eu chegasse, naquela época do
lançamento do texto, dezoito
anos atrás, a uma nova abordagem no assunto. Eu
não era
um expert em
criatividade, como agora sinto que
não sou em inovação.
Vamos
ao fato. Ao
passar à ação concreta de usar um
processo recém criado, ou de adquirir um produto
lançado
ontem, ou ainda a ação
de nos adaptarmos a uma mudança do entorno, estaremos
“navegando” a inovação.
Teremos
adotado, por alguma circunstância, o comportamento de
usuário. Não necessariamente
aplaudimos, ou casualmente criticamos a mudança havida.
Não precisamos estar
com uma atitude dentro de nós, a favor ou contra aquilo
–
só entramos em uma onda
que fazia parte do nosso entorno. Agimos quase sempre com um
comportamento automático
ou casual.
Agora,
pensemos na
diferença existente entre essa
cooptação,
que teria se manifestado na superfície do comportamento, e a
vontade clara que
muitas vezes temos de adotar uma novidade. Usar é apenas uma
ação comportamental,
enquanto usar por gostar
já é um ato que vai
além, é atitudinal. Dele vem
a relação afetiva entre nós e o que
desejamos, e
que ajuda a superar algum
custo ou dificuldade.
Um
exemplo
eloqüente sobre essa diferença aconteceu em
uma empresa que eu conheci, produtora de fotolitos, e que se
transformou com a
chegada da informática. O que era feito à
mão,
até com lâminas de barbear,
passou a ser feito com o computador. A inovação
era
imperativa e urgente, e
todos os funcionários foram treinados para a nova
tecnologia.
Para alguns, foi fácil
e até “divertido”. Para outros, foi
sofrido. Todos
eram obrigados a aderir,
pelas circunstâncias, e passaram a navegar a
inovação. Alguns adotaram uma
atitude favorável, que ia além do comportamento.
Outros,
que não gostaram, apenas
se adaptaram. Logo isso se traduziu em trabalho melhor e mais produtivo
dos
primeiros, e até em seqüelas para os que
“tinham dor
de cabeça por ficar o dia
todo olhando para a luz”. Estes praticavam a
inovação comportamental, e os
outros (na maioria mais jovens) praticavam a
inovação
atitudinal. Diferença
evidente, de efeito claro.
Vamos
a um exemplo
mais cotidiano: muita gente entra em
filas porque não tem atitude favorável ao novo
hábito de usar a internet para
fazer pagamentos e compras. Outro exemplo vem das mudanças
ocorridas nas metrópoles.
Poderemos absorver os problemas de trânsito e
violência se
cultivarmos uma
relação favorável, de um lado
às
facilidades profissionais, e de outro a dos
recursos e vida cultural, coisas inexistentes no interior. Poderemos
também
encarar mudanças de bairro para fugir de
vizinhanças
degradadas. Em todos os
sentidos, nossa aceitação da mudança,
avalizada
pela atitude, nos faz
navegantes do novo.
Proponho,
após esta reflexão, a conclusão que
trata do
engajamento à inovação,
fenômeno sem
perspectiva de recuo. É a seguinte: frente
ao novo, podemos ter por impulso espontâneo, ou tentar pela
via
da
racionalidade, um posicionamento positivo que trará a
prática da inovação
atitudinal. Ela irá além do comportamento e nos
será mais confortável e vantajosa.
É o que sugiro, para pensarmos no tema.
E
agora pergunto
aos leitores, e especialmente a ex-alunos
como Ruy Veridiano, Chico Lins e Ricardo Barbosa, como reagem a esta
colocação,
em um assunto que atinge a todos. Aguardo curioso o que
dirão,
por favor. JP
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