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RAZÕES DO DESAPEGO NO MUNDO PROFISSIONAL.

José Predebon, Junho, 2014

Para certas mentes que se regem pelo pragmatismo, desapego parece ser um valor espiritualizado demais para entrar no mundo profissional. Na hora do “vamos ver”, nada de frescuras e melindres, pensam muitos dos que foram treinados para competir. Sim, desapego, que se define por “menos egoísmo”,  é uma qualidade charmosa, parente da equanimidade e da ética. Porém está longe de ser peso morto na corrida para o sucesso. Eis aqui sete razões (pragmáticas!) para cultivar essa qualidade contrária ao egocentrismo.

1)      Desapegados são mais inovadores. Não se põe fogo em lenha molhada. A renovação necessária para se implementar qualquer manifestação inovadora em um contexto organizacional começa a ser viabilizada na cabeça dos envolvidos no processo. Se as pessoas não se dispuserem a renunciar aos procedimentos que usam normalmente, sempre encontrarão desculpas para não aceitar (e até mesmo sabotar, ainda que inconscientemente) qualquer tentativa de renovação. Desapego para largar o que se tinha, uma chave poderosa para a inovação.   

2)      Desapegados são mais criativos. Idéias novas derrubam as antigas. Deixar de usar o que se usava, o que foi focalizado no item anterior, é totalmente paralelo a deixar de lado uma verdade que já tínhamos sobre determinado assunto para eventualmente trocá-la. Na hora de criar uma ideia nova é preciso dar as costas à anterior e, para isso, só com desapego. Sem ele, um mecanismo psicológico faz a ideia nova abortar por mil razões do tipo “não vai dar certo”, ou, se desse certo, “já teriam feito”. 

3)      Desapegados são melhores líderes.  O chefe bom não é só respeitado. A equipe percebe até onde um chefe encoraja e prestigia seus colaboradores, e até onde ele escamoteia méritos dos outros para promover os seus. Líderes que não tem algum desapego dificilmente são amados, ainda que possam ser respeitados por várias razões, que vão da consistência profissional até as de simples disciplina. Mas o líder estimado consegue um nível qualitativo de colaboração, que se traduz em eficiência inigualável.

4)      Desapegados são mais disponíveis. Não se conta com egoístas. Se fosse possível separar numa equipe as pessoas fáceis das difíceis, perceberíamos que entre as primeiras estariam as mais desapegadas. O desapego não é natural, pois por princípio da natureza para a proteção da espécie, todos os indivíduos nascem apegados à vida e a todas as suas decorrências. Porém ao cultivar o desapego ganhamos condições para participar melhor do contexto, ficamos mais disponíveis e nos entrosamos melhor.

5)      Desapegados se dão melhor nos trabalhos em grupo. Competição, o nome do jogo. “Vencer” permeia todas as práticas profissionais, e isso é um obstáculo ao trabalho em equipe, onde o egoísmo e a inveja podem solapar o ambiente amigável. As pessoas menos individualistas conseguem se colocar melhor e render mais. A médio e longo prazos elas suplantam as que só visam a promoção pessoal.  

6)      Desapegados enfrentam melhor as mudanças.  Deixar como está parece mais seguro. Inovação e criatividade só acontecem quando a mudança ganha sua vez. Mudança é sempre mais difícil para quem sentir apego à segurança da situação que está vigorando. Enfrentar os riscos inerentes à mudança é para os mais desapegados.

7)      Desapegados são menos vulneráveis. Quem viaja sem bagagem jamais perde algo.O desapego é um verdadeiro escudo para nos defendermos das perdas imprevistas. Na complexidade que reina no contexto, nunca as coisas fluem como foi planejado, e os desapegados sofrem menos com isso, o que os facilita a enfrentar os riscos da inovação.  

Bem, agora o leitor que pergunta: “mas como cultivar o desapego?” recebe a seguinte resposta: leia a continuação desta página no próximo mês, com as dicas para se aumentar o nível pessoal de desapego. Não segue agora por questão de espaço. Porém se alguém quiser ver logo, é só pedir - enviaremos já o arquivo por email. Também serão bem vindos os comentários e/outras observações, inclusive eventuais reparos, OK? 

         
jose@predebon.com.br