NÃO
PERCA TEMPO ESTUDANDO...
O
QUE NÃO
TIVER VONTADE DE APRENDER.
© José
Predebon
Falarei
aqui aos meus alunos e, por tabela, também a alguns colegas
professores. Penso que o assunto é atual e importante para
todos.
Extensa bibliografia da
neurociência,
na qual se inclui Ramachandran, neurologista renomado, hoje afirma que
nosso cérebro tem critérios próprios
para
selecionar o que vale a pena guardar na memória, e o que
é para descartar. Se na “opinião do
cérebro” a matéria é
importante para
nós, ele se motiva para lhe reservar um espaço em
seus
arquivos.
Na medida em que tiver
consciência
desse princípio, o aluno concordará com o
título
deste texto. A motivação, que realiza
prodígios
para nós, também é básica
para os
mecanismos da aprendizagem. Isso pode soar óbvio para
mestres
experientes, porém traz importantes decorrências
após uma reflexão que se faz ao analisar o tema
com
amplitude. Vamos a ela.
Voltaire afirmou que o
leitor atento vai
além do autor. Milan Kundera nos diz hoje que o
romance vai sempre adiante
do autor.
Reflitamos que ambos se referem ao significado que
todo texto ganha ao se
cruzar com o quadro de
referência do leitor. Este é sempre – no
mínimo
– diferente ao do autor.
Dessa forma o conteúdo colocado pelo autor sempre pode
ir
– e na maioria
das vezes irá – além daquele imaginado
por ele,
ainda que seu texto seja
totalmente
inédito.
Dentro dessa linha de
raciocínio,
passemos a analisar o papel do professor, ao usar seu
conhecimento para qualificar
alunos em
determinado campo ou tema. Também nesse caso
acontecerá o
fenômeno do
conteúdo ampliado, principalmente a partir dos alunos do
segundo
grau. Isso porque antes dos
dez anos a
criança tem pouco senso comparativo.
O aluno recebe a
ação do
professor e a cruza com o que ele, de motu próprio, busca na
internet, e que se soma ao
que recebe com as
suas vivências. O fenômeno do conteúdo
ampliado deve assim ser
considerado normal.
Existe apenas uma ressalva.
O conteúdo
amplia-se no seu recebimento quando o processo
é volitivo, isto
é, a aula
é assistida com interesse, e não como uma
obrigação tediosa.
A conclusão desta
reflexão traz
a importância vital da motivação do
aluno. Sem ela,
a aprendizagem é
pobre ou nula. Sem
ela, currículo algum pode atingir níveis bons de
eficiência.
Os requisitos para criar a
motivação se apresentam com uma complexidade
enorme.
Começam pela
cultura da sociedade,
passam pela cultura da família do aluno, pela sua
personalidade e terminam
pela didática
mais criativa ou mais enfadonha que os mestres
utilizam em aula.
Após concluirmos
dessa forma, sugiro
que o aluno alimente uma expectativa e até a transforme
em cobrança
– a didática
precisa ser viva e motivadora. Só assim ela não
fará abortar um
nascente interesse pelo
assunto do
conteúdo. Se não existe interesse nascente,
então
vale
o título deste
texto – é
inútil estudar o que o cérebro se
recusará a
guardar. □□□
Como
de costume,
fico aguardando a opinião e as sugestões dos
leitores.
Prometo retribuir,
no
mínimo com
uma resposta pessoal. E agora lembro de dizer que a sugestão
premiada, para
economia
de água, proposta no mês passado, foi a do ex
aluno Daniel
Morizono – parabéns! JP
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