|
PARADIGMAS:
UMA
(ABSURDA) PALAVRA FINAL.
José
Predebon.
Caros
leitores,
amigos, alunos e outros ocasionais, esta página mensal
complementa a do mês de
maio passado, que focalizou a questão dos paradigmas.
Porém, pessoal, não
existe “palavra final” quando falamos de
paradigmas, que
são parte, como
defendi antes, do fluxo permanente de nossa sociedade. A
conclusão, nesta
página, precisa ser vista como uma soma de
informações para os interessados na
questão. Então, nesta página, vou
tentar explicar
detalhes de meu ponto de
vista, e didaticamente, vou começar citando detalhes de
três visões de nossos
paradigmas:
1) Paradigmas
podem ser
considerados a
“alma do contexto”, mas em uma nunca definitiva forma,
já que,
como sistemas, estão
permanentemente evoluindo.
2) Paradigmas
são
para nós necessários ou, no mínimo,
úteis
– até serem
quebrados ou substituídos por
novos que, por sua vez, nunca serão absolutos.
3) Precisamos,
nós todos, lidar com a questão dos
paradigmas, nos
campos profissionais e pessoais, a partir da
consciência de como isso é possível.
Agora
vou tentar
trocar em miúdos uma forma de “lidar”
com os
paradigmas. Começamos por nos valer
de um razoável autoconhecimento, para detectar qual a nossa
relação com um
paradigma. É bom dar um exemplo prático disso: se
um
professor sabe que não tem
um alto nível de segurança em determinada
área de
uma disciplina, deverá
enfrentar um velho paradigma, comum da época do ensino
cognitivo, que diz que o
mestre precisa responder a todas as perguntas dos alunos.
Então
ele
poderá/deverá fazer duas coisas: preparar-se
bastante,
tecnicamente, e
apresentar-se à classe não como um “pai
da
matéria”, mas como um facilitador
para a colheita de informações em fontes
disponíveis.
A
partir desse
exemplo, peço que os leitores façam uma
reflexão
de que nós todos teremos
formas individuais de lidar com os problemas de cada paradigma. Essas
serão as
“receitas particulares” de cada pessoa, e que nunca
podem
ser receitas prontas.
Entretanto,
essas
receitas que faremos para lidar com os paradigmas deverão
usar
uma série de
ingredientes, que são mais ou menos previsíveis.
Vou
abordar quatro que acho
importantes.
O
primeiro seria o
autoconhecimento, já citado no exemplo aí
atrás.
É o ingrediente essencial para
qualquer receita pessoal de sucesso.
O
segundo seria,
perdoem a banalidade da comparação,
tão
básico como o sal e o açúcar para
receitas de pratos principais e de sobremesas: seria o desapego. Essa
condição
psicológica e atitudinal nos permite ter a flexibilidade
necessária para
encontrar e/ou seguir caminhos novos. Exemplo de desapego é
a
gente não ter o
nosso conhecimento como “o correto”,
porém, no
máximo, como “um correto”, mas
nunca definitivo.
Um
terceiro
ingrediente: todos os sentidos abertos a todo tipo de
informação nova, ainda
que, à primeira vista, ela nos pareça
desimportante ou
mesmo “errada”. Para
localizarmos e seguirmos caminhos novos, não podemos ficar
presos aos que já
conhecemos.
Quarto
e aqui o
último
ingrediente (pela limitação do
espaço). Ter, em
todas as nossas análises e
julgamentos, a consciência de que somos meros fios de uma
trama
do mundo
complexo, trama essa que vai tecendo a si própria enquanto
se
integra à
realidade que constrói.
Leitores,
nunca dou
qualquer questão por encerrada, muito menos essa dos
paradigmas,
que é pela sua
própria natureza escorregadia, complexa e
provisória.
Agradeço, portanto,
manifestações, perguntas e reparos, para uma
sequência de diálogo. Fico à
disposição de vocês.
JP.
|
|