UM CASO
MUNDIAL SOBRE CRIATIVIDADE.
José
Predebon, fevereiro, 2016
Fiquei tão bem impressionado pelo
livro Criatividade
S.A., de Ed Catmull, que resolvi resenha-lo para meus alunos. Trata-se
da
história da Pixar, conhecida como a produtora do “Toy
History”, uma das maiores
bilheterias do cinema no gênero da animação. Pelo
que vi até hoje, é o melhor
caso de sucesso graças à criatividade, em escala de
grandes organizações.
Antes da resenha em si, acho útil
relatar uma ligação
minha com esse livro, a partir de uma vivência.
Em 1997, após a edição
bem aceita do meu livro de
criatividade, a editora encorajou-me a aproveitar e escrever uma
sequência. De
início achei que seria impossível eu dizer mais alguma
coisa sobre o tema, já
que havia contado tudo o que lembrara sobre os processos de
criação que eu
conhecia e praticava.
Mas o pessoal do marketing editorial
trouxe-me uma
proposta nova: que tal um livro sobre treinamento em criatividade? E
assim
abracei o projeto do “Criatividade Hoje, Como se Pratica, Aprende
e Ensina”.
Porém, ao mostrar a um parceiro
profissional os
primeiros capítulos que estava escrevendo, provoquei um susto.
Como assim? Você
vai entregar todo o seu ouro, contar todos os pulos do gato? Que
absurdo! Isso
é criar concorrentes, é ingenuidade!
Balancei um pouquinho mas fui em frente.
Talvez
inspirado pela declaração de um profissional que eu
admirava, André
Alkimin: a informação nunca
tem dono e deve
ser passada adiante. Também lembrei a parábola de quem
usa sua vela para
acender outras; a pessoa nada perde, e todos ganham mais claridade.
Pois bem, agora a ligação: em
muitos trechos deste
Criatividade S. A. encontramos uma explícita e bem consistente
defesa de que os
profissionais mais experientes têm obrigação de
passar adiante suas técnicas. Exatamente
o que faz o livro inteiro. Concordo totalmente e essa é uma das
razões que me
levam a divulgar a obra de Catmull.
Devido ao limitado espaço
disponível aqui, vou
primeiro fazer um resumo de dez linhas, para o leitor ter uma
visão antecipada
da posterior resenha completa, pois calculo que se leu este texto
até aqui, não
deixará de se interessar pela informação maior.
O autor
conta seu trajeto de homem de exatas
(cientista programador) entrando em um universo de humanas, a
ficção com
desenhos animados. Tentou ir para a Disney mas seu campo pareceu
técnico demais
para os criadores de lá. Ainda na universidade conseguiu
trabalhar em um
projeto de viabilizar o uso de computadores em animação,
e isso o levou
primeiro a trabalhar para George Lucas (diretor de Guerra nas Estrelas)
para em
seguida se tornar o presidente da Pixar, que antes uma
seção da Lucasfilm,
quando comprada por Steve Jobs, o controvertido gênio que criou a
Apple.
Desse ponto em
diante o Criatividade S.A. conta a
história da Pixar e seus sucessos. E então o livro se
transforma também em um
manual de liderança, principalmente aplicada ao escorregadio
campo da criatividade exercida em equipes. Catmull, em
um agradável estilo coloquial, conta tudo o que se poderia
perguntar sobre o
funcionamento da Pixar, incluindo detalhes humanos de fraquezas e
falhas. A
grande mensagem do livro é creditar à aleatoriedade os
resultados de esforços
que costumamos ver como responsáveis por sucessos e fracassos.
Esta
é a resenha de dez linhas, e a maior seguirá em
arquivo a quem pedir por email – será o seu caso?
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